Salve simpatia (com qualidade)!

Por Diego Salomão

Com quase um terço de seus trinta anos dedicados à feira, o paulistano Alexio Silva é um bom exemplo de feirante realizado. Apesar de ser uma vida bastante sacrificada - acordar às 5 da manhã e ainda ter que preparar a mercadoria em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho - ele garante gostar bastante do que faz. E considera-se muito bom! O segredo, segundo ele, é a lábia, a simpatia na hora de conversar com os clientes."Tem que ser muito simpático. Já vi vendedores com bons produtos que não vendem bem porque não sabem atender os clientes", diz ele. Então, a qualidade não é tão importante? É claro que é. Alexio acredita que um bom produto pode até ser vendido uma vez, mas, se o cliente não for bem atendido, irá procurar outra barraca na segunda oportunidade. Além disso, há um tratamento diferenciado para os fregueses mais fiéis. "Tem freguês que já virou amigo. Até ligam antes, pedindo pra gente separar mercadoria. Fora os descontos que têm que ter, até pra atrair cliente novo". Como vemos, as feiras aparentam ser um ótimo ambiente de trabalho. No entanto, elas têm perdido espaço para os grandes supermercados. Por quê? Para Alexio é questão de segurança. Muita gente prefere ir aos supermercados, por exemplo, por ter onde deixar o carro. Infelizmente, para os feirantes, e até para os consumidores, esse é um fenômeno que cresce muito nos dias de hoje. Um outro, totalmente atemporal, é o clima. "Num dia chuvoso, ou de muito frio, as pessoas não se sentem estimuladas a sair de casa. Por isso, o verão é a melhor época para a feira", é o que garantem os nove anos de experiência do nosso entrevistado.Enfim, havendo violência, frio ou chuva, as feiras continuam existindo, simpatia paulistana afora.