Um pouco sobre as feiras...


Por Beatriz Yuki e Juliana Carlos

As primeiras feiras livres do Município de São Paulo datam do Séc.XVII mas só em 1914 são reconhecidas oficialmente pelo então governador Washington Luiz P. de Souza. “A primeira feira livre oficial, realizada a título de experiência, contou com a presença de 26 feirantes e teve lugar no Largo General Osório. A segunda realizou-se no Largo do Arouche, com 116 feirantes, e a terceira foi no Largo Morais de Barros”.
Segundo dados da prefeitura de São Paulo e da subprefeitura da cidade, existiam até o começo de 2007 cerca de 900 feiras em atividade e 11.076 feirantes, embora haja divergências devido a incidência de feiras irregulares. A zona leste com 40% é a que apresenta o maior número de feiras, enquanto a região central possui apenas 3,5% devido a inviabilidade de sua realização, que obriga a interdição de ruas e o desvio do trânsito para vias alternativas.
Polêmica é a discussão acerca dos incômodos causados pela realização das feiras em ruas marjoritariamente residenciais, moradores reclamam do barulho e do lixo acumulado durante o dia. “Os feirantes demoram para fazer a limpeza e para nós isso causa inúmeros transtornos", disse o engenheiro operacional Gustavo Ferreira de Gouveia”. Os feirantes argumentam que fazem de tudo para respeitar as leis e não prejudicar a população. "Entramos só às 7h para agradar aos moradores. Deixamos a passagem livre para carros e tentamos fazer silêncio", disse José Norberto Bonvechio.
Para obter informação ou fazer reclamações ligue para 156 ou acesse www9.prefeitura.sp.gov.br/forms/FEIRAS/feiras.php.

"Meu cliente é meu patrão!"

Por Mauricio Nadal

Patrão é o modo como Vera Noronha, vendedora de caldo de cana da feira do Brooklin intitula seus fregueses. Com 44 anos, trabalhando no ramo há vinte, ela segue uma tradição familiar, pois seus pais eram feirantes.Durante a entrevista, Vera deixou bem claro toda a paixão que tem pelo emprego. "É um trabalho que engrandece (...) feirante gosta de ser feirante", diz ela. Também comenta como é fundamental tratar bem os clientes. "Simpatia é o mais importante. Às vezes, ele nem quer tomar meu caldo de cana, mas acaba tomando por causa da nossa amizade (...) tem que ter o dom de convencer o freguês, de trazê-lo para você, atraí-lo para o seu local de trabalho".A feirante fala com muito carinho sobre as amizades nascidas em seu ambiente profissional, afirmando que as feiras são especiais porque é o tipo de comércio onde vendedor e consumidor possuem um grande vínculo de amizade. Apesar da vida sacrificada de acordar cedo e do longo dia de trabalho, Vera não se imagina em outra profissão pois ama o que faz: "Meus clientes são as coisas mais importantes para mim depois da minha família".

Escolha a barraca e ponha a mesa.


Por Felipe Giersztajn

Que preço baixo, qualidade e variedade são imprescindíveis na hora de escolher um produto todo mundo sabe. Mas quem acha que escolher a barraca é tarefa simples está enganado!
Os fatores são muitos, quando entrevistados, os consumidores da feira de domingo do bairro de Moema (dia tradicionalmente lotado) concordam que um ambiente saudável, divertido e bem brasileiro, proporcionado pelo comércio de frutas e verduras, contribuem para um passeio bem proveitoso que combina o útil ao agradável.
A preferência pelas feiras em relação aos supermercados, segundo a maioria dos consumidores, deriva de uma combinação de preços mais baixos juntamente com variedade e qualidade dos produtos.O tratamento diferenciado dos feirantes à seus clientes, se comparado aos grandes mercados, incentiva as pessoas a optarem pelas feiras. Nas grandes redes o cliente é obrigado a escolher entre poucos produtos dispostos e pré selecionados pelos responsáveis das lojas.Nanci Marangone, 42, opina: "O tratamento dos feirantes me deixa mais a vontade". Já Maurício Carvalho, 37, tem opinião contrária: "Talvez influencie outras pessoas. A mim, não".
Os critérios para a escolha da barraca também variam, Nanci escolhe pelo feirante, Maurício pelo preço. Já Elisabeth Guimarães, 57, é mais criteriosa diz que varia a barraca pela fruta mais fresca e pelo preço mais em conta.
As opiniões são muitas, cada cliente tem a sua, mas a verdade é que parece que a gritaria, o ambiente agitado, a simpatia dos feirantes e os produtos de qualidade são ingredientes fundamentais, que fazem das feiras uma boa pedida no cardápio do paulistano.

Salve simpatia (com qualidade)!

Por Diego Salomão

Com quase um terço de seus trinta anos dedicados à feira, o paulistano Alexio Silva é um bom exemplo de feirante realizado. Apesar de ser uma vida bastante sacrificada - acordar às 5 da manhã e ainda ter que preparar a mercadoria em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho - ele garante gostar bastante do que faz. E considera-se muito bom! O segredo, segundo ele, é a lábia, a simpatia na hora de conversar com os clientes."Tem que ser muito simpático. Já vi vendedores com bons produtos que não vendem bem porque não sabem atender os clientes", diz ele. Então, a qualidade não é tão importante? É claro que é. Alexio acredita que um bom produto pode até ser vendido uma vez, mas, se o cliente não for bem atendido, irá procurar outra barraca na segunda oportunidade. Além disso, há um tratamento diferenciado para os fregueses mais fiéis. "Tem freguês que já virou amigo. Até ligam antes, pedindo pra gente separar mercadoria. Fora os descontos que têm que ter, até pra atrair cliente novo". Como vemos, as feiras aparentam ser um ótimo ambiente de trabalho. No entanto, elas têm perdido espaço para os grandes supermercados. Por quê? Para Alexio é questão de segurança. Muita gente prefere ir aos supermercados, por exemplo, por ter onde deixar o carro. Infelizmente, para os feirantes, e até para os consumidores, esse é um fenômeno que cresce muito nos dias de hoje. Um outro, totalmente atemporal, é o clima. "Num dia chuvoso, ou de muito frio, as pessoas não se sentem estimuladas a sair de casa. Por isso, o verão é a melhor época para a feira", é o que garantem os nove anos de experiência do nosso entrevistado.Enfim, havendo violência, frio ou chuva, as feiras continuam existindo, simpatia paulistana afora.